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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Desculpa Joanas, Marias, Joãos, Fernandos, Amandas, Vinícius, Tadeus, Andreias, Vanessas, Claudios, Isadoras, Jorges...

Não dá para dizer que todo mundo sabe como é terrível selecionar quais pessoas estarão ao teu lado no dia mais feliz da sua vida? Sentiram o impacto da frase? Então imaginem como se sentem os que ficaram de fora dela, mas só quem já casou ou está de casamento marcado sabe quão doloroso é este processo, é minha gente, nem tudo são flores nessa etapa quase sempre gostosa.

Não vou nem citar os inconvenientes que se convidam para o casamento, vou falar só das vezes que meu coração se aperta quando encontro uma pessoa muito querida e fico torcendo para que ela não me pergunte nada sobre o casório, nem queira saber a data. Como sair dessa saia justa? A partir de agora eu já sei! Vou dizer assim: os preparativos estão a mil, muitas coisas já foram feitas, outras estão alinhavadas e algumas tantas por fazer e para dar conta de tudo isso eu decidi escrever em um blog. O nome é noivadotempo.blogspot.com se ficar difícil decorar é só jogar no google "noiva tempo" que meu endereço é o primeiro a aparecer! O nome parece estranho? Divertido? É que faz um ano que estou fazendo a previsão do tempo no Sbt, legal, né? Acha que trabalhar na TV deixa a gente rica? Imagina...isso é tudo lenda! Mas faz o seguinte, estou com pressa agora, passa lá no blog, clica no post publicado em 10 de maio. Espero que goste!

O texto abaixo é leitura obrigatória para todos os noivos, noivas, madrinhas, convidados e, claro, para aqueles um dia ficaram chateados por terem sido "deixados de lado". A dica da leitura foi do noivo!  

Convite de Casamento

Publicado na Revista Wish

O que eu posso te dizer, Joana? Desculpa? Foi mal? Insistir que você é uma amiga querida? Que eu te adoro? Mas de que adianta, agora que o casamento já passou e você não foi convidada?
Joana, você não sabe a confusão que é organizar um casamento. Se eu fizesse tudo de novo, além de uma wedding planner, teria contratado um diplomata, um egresso do Itamarati, formado em acordos e desacordos comerciais em Davos, Doha e Washington, só para administrar as complexas relações envolvidas na produção da festa. Nas mãos do meu private Barão do Rio Branco, jogaria a mais espinhosa das tarefas: a elaboração da lista. Ah, Joana, o coração é grande, mas a grana é curta, as famílias são numerosas e como vamos espremer todo mundo debaixo do mesmo toldo, com o preço do metro quadrado?!
Eu tinha cá pra mim que o casamento era uma celebração para a qual você chamava as pessoas mais queridas que havia trombado durante a vida. Mais ou menos como um final de novela, em que todos os núcleos se encontram e brindam, numa grande festa. Antes de chegar nas escolhas afetivas, contudo, tem a lista obrigatória. As famílias, dos dois lados: tios, tias, primos, primas. Sem contar os maridos, esposas, namorados e namoradas, de todo mundo. (E hoje em dia, você não acredita, Joana, até primo de onze anos tem namorada). Só aí, minha cara, já foram quase 60% dos bem-casados. Depois, vem o pessoal do trabalho. E o pessoal do trabalho antigo. Quando você vai ver, sobraram 20 convites para os amigos e uns 30 abacaxis no seu colo. Quem é mais importante? O Pedro, que foi meu melhor amigo da primeira à oitava série, mas que hoje vejo muito pouco? Ou o Marcos, que conheço há apenas seis meses, mas em cuja casa jantei na penúltima quinta? E como fazer para chamar só três do futebol, que eu jogo toda a quarta-feira? Se convidar um, tem que convidar os 11, que são 22, com as esposas, e 29, com os filhos. Não dá pra convidar algumas pessoas e pedir sigilo absoluto: dizer, “ó, queridão, vou casar escondido em janeiro, ninguém tá sabendo, por favor, não espalhe. Seria ridículo e, pior, inútil.
Joana, veja a que ponto cheguei: um mês antes da festa, ao saber que o relacionamento de um casal de amigos não ia muito bem, peguei-me torcendo para o divórcio. Assim, não precisaria convidar o marido, de quem nunca havia sido muito próximo, e teria mais uma cadeira vaga, para ser preenchida por alguém que eu escolhesse. (Alguém solteiro, evidentemente, posto que apenas um lugar teria sido liberado).
Se isso serve de consolo, te digo que seu nome sobreviveu, incólume, a três carnificinas. E foi só no último corte da lista – quando um tio-avô de Pelotas resolveu convidar-se, trazendo com ele a tia avó, seis filhos e uma primaiada sem fim – que você saiu. Pois, Joana, por mais querida que você seja, há de entender: é uma amiga avulsa. Nós nos conhecemos naquele acampamento Carroção, em 1987. Era melhor tirar você do que partir uma turma ao meio, do que separar maridos e esposas, pais e filhos, laterais de centroavantes, compreende? Não, talvez você não compreenda. Que que eu posso fazer?
Ah, Joana, se eu casasse de novo, desistia de chamar a turma do futebol, nunca mais aparecia para jogar e chamava você. Pronto. Mas agora é tarde, Inês é morta, ou melhor, ficou de fora da festa. Espero que, como reparação, você aceite esta crônica e o convite antecipado para as bodas de prata, a realizarem-se em junho de 2035, em local ainda a definir. Pode levar seu marido, seus futuros filhos e netos, caso os tenha, e mais meia dúzia de amigos à sua escolha. Desculpa, Joana. Foi mal. Você é uma amiga querida e eu te adoro. Que mais posso te dizer? 


Um comentário:

  1. Muito bom Márcia! Adorei o texto e é exatamente por isso que a gente passa. E olha que o meu casamento foi bem íntimo. E o pior... o constrangimento não para no "antes", o depois tb é cruel, quando vem alguém muito querido, que a gente não falava a anos dizer: fiquei sabendo que tu casou. Ahhh pois é. O melhor mesmo é não dar muitas explicações, nem antes, nem depois.
    Sou tua leitora assídua e adoro tudo que tu escreve.

    um beijo Milene

    ps. como ainda não nos conhecemos, vou me apresentar: sou colega e amiga do Rodrigo, teu irmão.Muito Prazer!

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